“Toda boa dádiva e todo dom perfeito é lá do alto, descendo do Pai das luzes.” Tiago 1:17
Por que, exatamente no centro da Oração do Pai Nosso, o Senhor Jesus desvia a ênfase de um assunto tão sublime como a vontade do Pai para um outro tão material como o pão? Na verdade nós é que temos a tendência de classificar alguns aspectos da vida como sagrados e outros como seculares; Jesus nos ensina que o homem é uma ser integral e importante tanto no físico como no espírito; para Jesus não há nada insignificante nos contornos de nossa vida, pois tudo que é tocado pela presença de Deus é sagrado.
O homem tem necessidade de se alimentar, tanto física quanto espiritualmente. O alimento para o corpo é uma dádiva divina, pois os recursos naturais da terra são providenciados por Deus, nosso Pai. Assim como as aves do céu e os animais selvagens são abastecidos de alimento, da mesma maneira Ele provê o suficiente para nós. Não é Deus quem põe bichinhos na goela dos filhotes dos pássaros e também não entrega na boca o alimento para a leoa e os leõezinhos. Da mesma forma não distribui alimento às pessoas indolentes e sentadas à sombra da vida, que nada fazem e nada querem fazer. Em Gênesis está registrado: “No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra.” Independente do esforço do homem, todo alimento é dádiva de Deus: o solo, a luz, o calor do sol, o ar, os adubos naturais como a amônia e o fósforo, seja o que for essencial para a produção do alimento é dom de Deus. Em vista destes conceitos, Cristo, nos ensina: “Buscai pois, em primeiro lugar o reino dos céus e a sua justiça, e todas essas coisas (o pão inclusive), vos serão acrescentadas” (Mt. 6.33). Assim, a promessa é que qualquer homem ou mulher que coloque os desejos de Deus em primeiro plano na sua vida, receberá o alimento suficiente, o pão diário, pois este é de Deus.
Vejam que o povo de Israel, enquanto no deserto, recebia diariamente o maná dos céus. Porém Moisés disse a esse povo: “Não só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus” (Dt. 8.3). Que espécie de seres humanos inflexíveis, belicosos e brutais nós seríamos se fôssemos despojados de alimento para nossas almas e refrigério para nossas mentes! Tão essencial como o alimento diário para o físico, é o pão espiritual; Jesus certamente pensava nisto quando nos ensinou a pedir o pão nosso de cada dia.
Mas, o que é o pão?
É a semente viva do grão, quebrada, espremida, esmagada e moída em forma de farinha, que depois é misturada com sal, água e fermento, amassada e deixada para crescer. Depois disso é assada até a cor marrom claro. Nesta forma de pão a “vida” do grão é transmitida àqueles que o comem. Por uma série de semelhanças, a “vida de Deus em Cristo” tornou-se acessível a nós. Cristo, a semente de Deus, foi pregado e machucado no Calvário. Do esmagamento à sepultura e morte emergiu o Ressuscitado, tornando-se assim o Pão de Deus para nós. Em João 6.35, Jesus nos diz: “Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome; e quem crê em mim nunca terá sede.” Da mesma maneira que existe diferença entre o grão e o pão, assim também há uma notável diferença entre Jesus de Nazaré e o Senhor Ressurrecto. A vida do trigo é limitada à semente até que ela seja esmagada e esfarinhada; assim também a vida de Deus em Cristo foi encerrada em Seu corpo terreno até a sua ressurreição. Então, Ele tornou-se acessível a todos os homens, em toda parte, pelo Seu Espírito Santo. Desta forma qualquer pessoa faminta de pão espiritual, da vida que vem de Deus, da vitalidade e força de Cristo, pode encontrá-lo por meio de Seu Espírito.
“Ó Pai, dá-me o pão de cada dia” é o mesmo que dizer “Ó Pai, faze com que a vida do Teu Filho ressurrecto, meu Senhor, o Cristo de Deus, se torne a minha vida hoje!”. Tal pedido e tal desejo só poderiam originar-se do próprio Deus.