OS CARTEIROS, OS PIRILAMPOS E OS SEM TETO

“E um anjo do Senhor desceu aonde eles estavam e a glória do Senhor brilhou ao redor deles…”  Lc 2:9    –   Ler Lc 2:8-16

OS CARTEIROS,…

Quem inventou o cartão de Natal foi um ilustre remetente a quem nós chamamos Deus. O primeiro cartão de Natal tinha o seguinte teor: “paz na terra a todos porque Deus lhes quer bem”.

Deus utiliza-se de um serviço muito especial dos correios, o aéreo, porque queria rapidez e qualidade na entrega da mensagem que felicita a humanidade inteira pelo nascimento do Salvador que é Cristo, o Senhor.

Os carteiros, denominados anjos, pelo jornalista Lucas, acabam se envolvendo com o conteúdo da mensagem, esclarecendo logo de saída, que aquela correspondência era uma “boa nova de grande alegria, que o será para todo o povo”. E embora estivessem em trabalho, desconsiderando a orientação segundo a qual “prazer e dever não se misturam”, tais carteiros alegram-se como se eles próprios, além dos pastores, fossem os destinatários da mensagem. E todo o efetivo do correio aéreo cruzou o céu louvando a Deus e dizendo: “Glória nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens e mulheres a quem Ele quer bem”.

…OS PIRILAMPOS…

Diz o texto bíblico que  “a glória do Senhor brilhou ao redor dos pastores”. Brilhar ao redor em grego é “perié-lampsen”, de onde vem a nossa palavra pirilampo. A monotonia das noites daqueles pastores foi quebrada de repente, por uma infinidade de vaga-lumes que piscavam, brilhavam e voavam ao redor deles: era sinal da glória de Deus entre os homens. O Natal é isto: o céu invadindo a terra.

Deve ser esta a origem dos pisca-piscas que se usam para ornamentar as árvores de Natal. A  luz que brilha no meio da noite anunciando: “O povo que andava em grandes trevas, viu surgir uma grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte resplandeceu-lhes a luz” Is 9:2.

 …E OS SEM TETO.

Todo cartão de Natal, além do remetente tem o destinatário. O primeiro cartão de Natal da história da humanidade foi endereçado aos sem-teto.

O jornalista Lucas diz que “havia naquela região pastores que viviam nos campos. Literalmente em grego ele escreve que viviam a céu aberto usando o verbo “agradéo” que significa permanecer ao relento.

Dizem os comentaristas que esses pastores, mencionados por Lucas, eram gente muito pobre; sem ter onde morar, sujeitavam-se a empregos considerados humilhantes ou indignos pelos das classe sociais privilegiadas.

Essa escória dos trabalhadores, por estarem ao relento, por não terem um teto nas suas noites frias, puderam presenciar, em primeira mão, a invasão da terra pelo céu.

São tão poucos os que olham para o céu! Na ironia do dia-a-dia, dentro de arranha céus cada vez mais altos, as pessoas se distanciam mais e mais do reino dos céus.

Esses pastores quotidianamente observavam as estrelas. Não por opção romântica ou por interesse astronômico, mas porque o firmamento era o seu teto, a lua sua companheira e as estrelas suas conselheiras.

Olhar para o céu! Ouvir as estrelas! Aconselhar-se com a lua… Isto é Natal: levantar a cabeça, reconquistar a dignidade, ser visitado por Deus.

NÃO FAZ MAL, É NATAL!

Depois da leitura do relato do primeiro Natal, as coisas nunca mais serão as mesmas.

Agora, toda vez que eu ver um carteiro, levando apressado alguma importante correspondência, lembrarei dos anjos de Deus e de sua mensagem: “Nasceu o Salvador, que é Cristo o Senhor!”.

               Quando me observar algum vaga-lume, ou uma dessas árvores de Natal com luzes piscando, recordarei o dia em que o céu invadiu a terra e a glória de Deus brilhou ao redor dos pastores.

E quando me deparar, em baixo dos viadutos e nas sarjetas, aquela gente pobre e sofrida que vive a céu aberto lembrarei de que foram eles os destinatários do primeiro cartão de Natal.

O Evangelho diz que o sinal da chegada da salvação seria uma criança envolta em panos. Assim toda vez que eu ver uma criança que ainda usa fraldas, lembrarei que Jesus nasceu. E quando encontrar aquelas crianças vestida com trapos, a pedir esmolas nos sinaleiros, lembrarei que elas são, hoje, este sinal e que delas é o Reino, e o Novo Céu e a Nova Terra.

Ainda há choro, mas os cartões continuam chegando e dizendo: …Não faz mal, é Natal! E, logo, de novo, Ano Novo!