…E NÃO NOS DEIXES CAIR EM TENTAÇÃO!

“Ninguém diga ao ser tentado: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e Ele mesmo à ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz.”    Tiago 1:13-15

                É bom lembrarmos que quando Jesus ensinou esta oração aos seus discípulos, Ele mesmo já havia passado por severas tentações. A Bíblia nos relata que após o batismo no Jordão, Jesus foi tentado por Satanás de forma angustiosa porém saiu totalmente vencedor. O primeiro Adão, quando tentado cedeu, e por causa da sua derrota o pecado entrou em nossa raça humana. O último Adão, Cristo, não deu base para Satanás, quando por ele tentado. Por causa da sua total vitória, a retidão é acessível aos seus seguidores, membros da família de Deus. Ele, que não pecou jamais, comovido com os sentimentos de nossas fraquezas, nos ensina a pedir forças ao Pai para resistir às tentações.

É importante ter em mente que a tentação para o mal é uma luta espiritual que envolve a nossa própria vontade e é quase sempre travada no mais profundo das nossas paixões e desejos pessoais. Esta é a razão pela qual Jesus disse que o espírito dentro de nós está disposto a fazer o que está de acordo com a vontade de Deus, mas a nossa carne, a nossa personalidade, a nossa velha natureza luta de forma contrária nesta batalha.

As tentações que assaltam os filhos de Deus têm origem em Satanás e também em nossas paixões e desejos. Satanás tenta aproximar-se de nós pelo nosso egoísmo, comodismo e obstinação, procurando colocar nossa vontade contra a vontade do Pai. Alguns modos sutís do “enganador” aproximar-se de nossas vidas são através de:

  • Minhas emoções, meu prazer próprio e meu comodismo. Vejam que Cristo foi tentado a fazer pão de pedras.
  • Minha mente, minha razão, minha auto-preservação e o raciocínio próprio. Cristo foi tentado a lançar-se do alto do templo.
  • Minha vontade, meu ego, meus desejos de notoriedade e auto-afirmação. Observem como Cristo foi tentado a aceitar a oferta do império do mundo todo.

               O que há de mais perigoso quanto a essas táticas, é que o Inimigo escolhe tentar-me naquelas áreas de minha personalidade que não estão sob o domínio e controle do Espírito Santo. O pai da mentira sabe o quanto estou inclinado a ceder aos seus incentivos, os quais ainda poderão vir a dominar minha pessoa. A tentação é o teste para saber-se quem, na realidade, mantém a autoridade sobre a minha vida: se Deus, por intermédio de seu Santo Espírito ou Satanás, através de “meu velho ego”. Se encontro uma área da minha vida onde constantemente caio em tentação, é porque ali o meu ego, as minhas velhas paixões, a minha natureza decaída e os meus desejos mantêm o controle total; o comando não está com Deus. É por essa razão que qualquer pessoa que deseje estar sob o controle total do Espírito Santo, deve colocar essa área integralmente sob as Suas mãos. Se isso não for feito de coração aberto, essa área será cabeça-de-ponte para outros ataques.

Há profunda inquietação entre os cristãos que se acham sendo tentados. Freqüentemente acham que a inclinação para pecar é má em si mesma. Mas não é assim. Ser tentado não é pecar. Ceder ao Inimigo e permitir que nos controle, em oposição à vontade do Pai, isso sim é pecar!

Os seguintes passos nos levam à derrota na tentação:

  • Satanás nos dá uma falsa impressão de que qualquer mal que façamos, “não é algo muito sério”. Além disso nos sugere: “Deus é Deus-perdoador. Que mal há num pequeno deslize?”
  • Satanás nos faz ver alguma coisa, alguém ou alguma situação que fatalmente apelará para nossa personalidade. Ele nos apresenta um quadro que incita alguma paixão ou desejo íntimo em nossa pessoa.
  • A não ser que conheçamos suas táticas, isso produz uma forte reação dentro de nós. Um desejo profundo e compulsivo é estimulado, muitas vezes parecendo ser agradável e razoável, e ainda de grande vantagem pessoal continuar a buscá-lo.
  • Começamos a entreter essa idéia em nossa mente e a considerá-la viável. O apelo aumenta e então nos dispomos a alcançá-la. Neste ponto caímos na armadilha e cedemos. Aqui pecamos contra a vontade de Deus e ficamos sob as ordens do pai da mentira nesta área.
  • Passamos a agir segundo aquilo que nos foi apresentado de maneira sutil e habilidosa. Mas no momento que agimos ficamos mortificados com nossa própria derrota. Tornamo-nos deprimidos e Satanás fica satisfeitíssimo.
  • O último passo é tentar esconder. Tentamos nos desculpar, esconder dos outros e de Deus a nossa queda. Isso nos separa de uma comunicação aberta com nosso Pai. Ficamos esmagados pelo sentimento de pecado e separação.

 Um cuidadoso exame da seqüência dos fatos na tentação de Adão e Eva, nos mostrará esses seis passos em ação:

1) Satanás induziu-os a acreditar que, comendo do que estavam proibidos não haveria, com certeza, conseqüências sérias. Neste momento foi lançada uma dúvida sobre a Palavra de Deus. “Então a serpente disse a mulher: É certo que não morrereis.” Gen 3.4

2) Satanás apresentou-lhes um quadro com a possibilidade de se tornarem como deuses e conhecedores de tudo. Bastava que desobedecessem a vontade de Deus. “Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal.” Gen 3.5

3) Isto significou um grande apelo. Levantou a possibilidade de se tornarem grandes e sábios, parecendo isso muito interessante. “Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu, e deu também ao marido, e ele comeu.”   Gen 3.6

4) Eles realmente cederam à tentação. Alcançaram o fruto e o colheram. Aceitaram e comeram-no. Isso era a vontade própria contra a vontade de Deus. Isto foi pecado. “Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais.” Gen 3.2-3.

5) O resultado foi que perceberam imediatamente que haviam sido iludidos. Estavam despidos. Foram ludibriados. Estavam envergonhados e perturbados! “Abriram-se então os olhos de ambos; e percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira, e fizeram cintas para si.” Gen 3.7.

6) Tentaram então esconder-se de seu Pai Celestial e ficaram separados e impedidos de uma comunicação aberta, franca e honesta com Ele. “Quando ouviram a voz do Senhor Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim.” Gen 3.8

                Quando Deus veio ao encontro de Adão e Eva, eles estavam em desespero e esforçando-se para se esconder do seu Criador. “E o Senhor Deus chamou ao homem e lhe perguntou: Onde estás?” Gen 3.9. Não que Deus ignorasse seu paradeiro; Ele sabia onde Adão estava, mas este havia caído na armadilha da serpente e estava distanciado do Pai. Deus sabia onde estava Adão! E Adão? Saberia ele onde estava? E nós? Sabemos onde estamos quando derrotados? Ou ficamos perdidos? Sem dúvidas, é por causa dessa seqüência desastrosa nas nossas tentações, quando somos levados à uma separação do Pai, que Cristo orou: “E não nos deixes cair em tentação.”

A esta altura, uma coisa deve ficar bem clara, a tentação não é necessariamente uma experiência em si mesma má. É parte do plano de nosso Pai para produzir pessoas de caráter forte e de qualidades semelhantes às de Cristo. Quando Deus nos criou livres, Ele sabia que seríamos confrontados intermináveis vezes com a escolha para o bem ou para o mal. Nossos caracteres, como filhos de Deus, são a soma total das escolhas que fazemos, numa vida cheia de tentações. As tentações são o grande campo de provas a que somos submetidos, à medida que amadurecemos. Elas podem nos ajudar a crescer em espiritualidade sob a direção do Espírito Santo de Deus conforme Tiago 1:2-4.