… E PERDOA-NOS AS NOSSAS DÍVIDAS.

“Perto está o Senhor dos que têm  o coração quebrantado, e salva os contritos de espírito.”    Salmo 34:18

              Alguns pontos se destacam fortemente na formulação deste pedido e exigem a nossa atenção. Quando reconhecemos estes pontos, este pedido torna-se um grito profundo de um coração humilde e contrito. Se oramos “perdoa-nos as nossas dívidas então estamos admitindo aberta e sinceramente que somos culpados por fazer o mal. Porém isso realmente não acontece com muitas pessoas; milhares que recitam essa oração não se julgam realmente devedores, pecadores, transgressores ou ofensores. Eles não se consideram culpados diante de Deus; pelo contrário, sentem-se inocentes!

Será que quando eu me aproximo do Pai Celestial, eu me sinto em débito para com Ele? Tenho consciência de que pequei contra o seu amor? Nós sabemos que como cristãos somos novas criaturas, pois nascemos de novo, mas isso não nos impede de nos achegarmos ao Pai agudamente sensíveis ao pecado e ao egoísmo em nossas vidas! O reconhecimento de que somos devedores produz no coração humano uma humildade verdadeira, uma dependência que abre os nossos corações e o nosso ser para a presença de Deus conforme o Salmo 34:18. Lembremo-nos: “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.” Tiago 4:6.

Quando ficamos a sós, calma e sinceramente contemplando o preço que Deus pagou pelo nosso perdão, só possível pela cruz de Cristo, é então que nosso imenso débito de amor por Ele invade e transborda nosso ser. A cruz permanece sendo o centro do plano de Deus Pai, para o perdão de todos os homens em todos os tempos. Alguém, em algum lugar, deveria sempre pagar a punição pela sua própria conduta, mas o próprio Deus arcou com o sacrifício e assumiu a culpa para pagar o preço. Qualquer pessoa que faça uma pausa, em séria contemplação do Calvário, será envolvida pelo enorme amor de Deus. Não é de se admirar que Jesus tenha incluído nesta oração “e perdoa-nos as nossas dívidas”,  pois por nós elas são impagáveis.

Vivemos em um mundo onde as pessoas, muitas vezes, sentem um vazio de algo básico que lhes falta na vida; um sentimento de que, de alguma forma estão fora do contato com a eternidade. Um estranho vazio que nenhum empreendimento humano pode satisfazer domina as suas almas. Algo está faltando! O quê? Quando Cristo incluiu esta petição na “Oração do Pai Nosso”, foi para alimentar a enorme necessidade do coração humano. Quando percebemos que o pecado ou qualquer falta permanece entre Deus e nós, ou entre nós e outras pessoas, sentimo-nos alienados e distanciados de tudo e de todos. Mas a clara consciência de que o perdão nos foi realmente dado, é que nos leva ao Pai e nos leva aos outros, fazendo-nos sentir totalmente realizados.

Cristo vem a nós e  com calma nos convida a que simplesmente admitamos os nossos erros e a necessidade de perdão. Ele exige de nós nada mais que a repressão do nosso orgulho e a simples busca de reconciliação com Deus, nosso Pai, que nos ama e está ansioso para nos conceder o perdão  quando O buscarmos.

“E perdoa-nos as nossas dívidas”  podem ser as palavras mais importantes que já pronunciamos, desde que sinceras em seu significado, e só então cairão de nossas costas o peso da culpa. O coração há de sentir-se aquecido, e o amor, a aceitação, a afeição nos envolverão completamente: “Você está perdoado. Você me pertence. Você está no seu lar!” Esta foi a recepção que o pai deu ao filho pródigo, quando este voltou para casa pedindo perdão. Esse filho talvez nunca compreendera que durante todo o tempo de sua ausência do lar, já havia sido perdoado. Também não sabia que apesar de sua conduta má, o amor e o cuidado de seu pai por ele nunca diminuíram. Talvez não imaginasse a saudade no coração paterno, mesmo quando manchara o nome da família. O perdão dado ao filho não foi por uma mudança de conduta deste nem foi uma resolução repentina. Foi livremente concedido porque ele, o filho, tinha vindo desejoso e de boa vontade, admitindo seu pecado e aceitando o perdão. O caráter de Deus é este, de conceder perdão aos que o buscam desejando a sua misericórdia perdoadora.