EMBAIXADORES E EMBAIXATRIZES

“De sorte que somos embaixadores (e embaixatrizes) em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio.”    II Cor 5.20

           Há alguns dias atrás, a Larissa foi a um médico em São Paulo para fazer os exames exigidos pelo consulado da Austrália. Como já está se aproximando o dia da sua viagem de intercâmbio cultural, estamos paralelamente urgenciando os preparativos. A Shirley e a vovó Odete acompanharam a Lalá até o médico, que segundo dizem, foi muito simpático no atendimento. Depois de um exame minucioso, ele deu alguns conselhos inteiramente válidos para a Larissa. Disse mais ou menos o seguinte:

“- Larissa, quando você estiver na Austrália, mostre todo o potencial do povo brasileiro. Em nenhum momento, deixe de ser autenticamente patriota. Fale com orgulho de nossa pátria e defenda nossa cultura e nossas tradições. Mostre que nós somos um povo inteligente, culto e com opinião bem formada. Sempre que for possível, demonstre o amor que você tem pelo Brasil, sua terra, pelas nossas instituições e pela sua família, da qual você deve sempre se orgulhar. Boa viagem e seja muito feliz!”

Achei excelente a palavra deste homem. Ele passou a ela a responsabilidade de ser embaixatriz, ou seja, representante de nossa “pátria amada, Brasil!” em terras estrangeiras. Sobre este assunto, “embaixadores”, um certo dia ouvi uma ilustração mais ou menos assim:

           “O Brasil, certa vez, enviou um novo embaixador para a Inglaterra. Este homem, chegou lá e logo começou a se adaptar ao novo estilo de vida. Passou a morar no centro de Londres, em um bairro bem tradicional e em uma casa de estilo vitoriano. Começou a usar ternos e “blazers” de corte anglicano e impecável, sempre confeccionados com a legítima casimira inglesa; começou a usar chapéu coco e guarda chuvas preto. Aprendeu rapidamente o sotaque britânico e nas festas que freqüentava ninguém dizia que não era um “english man”, o tal embaixador. De tanto se identificar com a Inglaterra passou a pensar e agir como um verdadeiro “lord”, esquecendo-se de sua “brasileirice”. Não falava nada sobre a nossa pátria e não defendia os interesses verde-e-amarelos.

           Depois de alguns anos, o Presidente da República substituiu aquele e mandou para lá outro embaixador. Este era um nordestino baixinho e atarracado, com sotaque carregado e que vinha com muita vontade de trabalhar. Ele não se preocupou em “parecer inglês”! Em todas as reuniões das quais participava defendia o Brasil com unhas e dentes, falando das vantagens de nossa terra e tentando trazer para cá investimentos e indústrias inglesas. Sempre que se aproximava de um grupo de empresários, estes já desconfiavam: – Lá vem aquele brasileiro fazer propaganda e falar das coisas boas de sua terra! E este homem foi um grande embaixador e verdadeiro representante de nossa terra.”

Conforme o texto da segunda carta aos Coríntios 5.20, Cristo nos elege embaixadores de seu reino aqui na terra, aqui no Brasil, aqui em nossa cidade e aqui em nossa casa. Aqui somos representantes d’Ele, falamos em seu Nome e aquilo que fizermos tem o aval do Rei. Portanto devemos falar e agir com a dignidade e intrepidez de um verdadeiro cristão. Não podemos agir como aquele embaixador “meio-brasileiro-meio-inglês”. Cada coisa que falarmos, cada coisa que fizermos, tudo enfim, deve ser para honra e glória daquele que nos confere o privilégio e a alegria de sermos seus embaixadores em terra estranha.

Que Deus Pai nos ajude a cumprir nossa obrigação de representá-lo bem e de falarmos em seu nome, como bons embaixadores ou embaixatrizes e que o mesmo Pai ajude a Lalá a ser uma fiel brasileira e acima de tudo uma fiel cristã em terras australianas. Amém?

Tatuí, 4 de Novembro de 1997